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Um velhinho caminhava
Um velhinho caminhava
Enquanto eu reparava
Onde o velhinho seguia.
Segurava em sua mão -bis
Uma beirinha de um pão -bis
E uma voz que assim dizia. .bis
Já não vejo como via
Não posso como podia
Já se foi a mocidade.
Quando a velhice aparece---bis
Aqui está o que acontece -bis
A quem chega à minha idade --bis
Coitado de quem é pobre
Que pede à porta de um nobre
Uma fatia de pão.
Mal pró pedinte repara -bis
Bate-lhe a porta na cara - bis
Tratando-o como um cão. -bis
Disse-me então o velhinho
Com voz cheia de carinho
Nunca maltrates ninguém
Que a vida é cruel em vão -bis
E de hoje prá manhã . bis
Tu és velhinho também. .bis
O Timpanas
De jaleca e bota alta
a reinar com toda malta
é o rei das traquitanas
o Timpanas.
O pinoia da boleia
de chapeu à patoleia
faz juntar o mulherio
no Rossio.
Quando levo as bailarinas
do teatro ao Lumiar
bailo eu e baila a sege
e as pilecas a bailar.
No bolieiro de Lisboa
Não é lá qualquer pessoa
que as pilecas dão nas vistas
são fadistas.
São cavalos de alta escola
o das varas toca viola
e o da sela que é malhado
bate o fado.
Quando bato p´rás Marmotas
roda acima e roda abaixo
eu dou vinho aos meus cavalos
mas sou eu que estou borracho.
Já andei por tanta espera
Já levei tanto boléu
já conheço tantos bois
que já lhes tiro o chapeu
De jaleca e bota alta.
a reinar com toda malta
é o rei das traquitanas o timpanas.
.....................................
.....................................
O Cacilheiro
Quando eu era rapazote.
Levei comigo no bote.
Uma varina atrevida.
Manobrei e gostei dela.
E lá me atraquei a ela.
Pró resto da minha vida.
Às vezes numa pessoa.
A saudade não perdoa.
Faz bater o coração.
Mas sinto grande vaidade.
Em viver a mocidade.
Dentro desta geração.
Refrão
Sou marinheiro.
Deste nobre cacilheiro.
Dedicado companheiro.
Pequeno berço do povo.
E navegando.
A idade foi chegando.
O cabelo branqueando.
Mas o Tejo é sempre novo.
Todos moram numa rua.
A que chamam sempre sua.
Mas eu cá não os invejo.
O meu bairro é sobre as águas.
Que cantam as suas máguas.
E a minha rua é o Tejo.
Certa noite de luar.
Vinha eu a navegar.
E de pé junto à proa.
Eu vi ou então sonhei.
Que os braços do Cristo-Rei.
Estavam a abraçar lisboa.
Refrão
Bairro Alto
Bairro Alto aos seu amores tão delicados.
Quis um dia dar nas vistas.
E saiu com os trovadores mais o fado.
Pra fazer suas conquistas.
Tangeram liras sigelas,
Lisboa abriu as janelas,
Acordou em sobressalto.
Gritaram bairros à toa,
Silêncio velha Lisboa,
Vai cantar o Bairro Alto.
Refrão
Trovas antigas, saudade louca,
Andam cantigas a bailar de boca em boca.
Tristes bizarras, em comunhão,
Andam guitarras a gemer de mão em mão.
Por isso é que mereceu fama de boémio
Por condão ou fatalista
Atiraram-lhe com a lama como prémio.
Por ser nobre e ser fadista.
Hoje saudoso e velhinho,
Recordando com carinho
Seus amores, suas paixões.
Pra cumprir a sina sua
Ainda vem pró meio da rua
Cantar as suas canções.
Refrão
Trovas antigas
Fado A Júlia florista
A Júlia Florista
Boémia Fadista
Diz a tradição.
Foi nessa Lisboa
Figura de prôa
Da nossa canção.
Figura bizarra
Que ao som da guitarra
Seus fados viveu.
Vendia flores
Mas os seus amores
Jamais os vendeu.
Refrão
Ó Júlia Florista
Tua linda história
Que o tempo marcou
Na nossa memória
Ó Júlia florista,
Tua voz ecoa
Nas noites bairristas,
Boémias fadistas
da nossa Lisboa
Chinela no pé
Um ar de ralé
No jeito de andar
Se a Júlia passava
Lisboa parava
prà ouvir cantar.
No ar o pregão
na boca a canção
Falando de amor
Encostado ao peito
a graça e o jeito
do cesto das flores.
Refrão
Ò Júlia Florista
Tua linda história
Etc, etc.
Fado do Burro Malhado
Certo dia que lá vai,
Passeava o filho e o pai,
Num prado cheio de fllores.
Viram um burro malhado,----(
Com o coiso pendurado,------)Bis
A pensar nos seus amores.--(
Pergunta o miúdo e bem,
Olhe o que o burro ali tem,
O que é aquilo paizinho?
E o pai atrapalhado,-----------(
A gaguejar e corado,----------)Bis
É o burro que é doentinho.-(
Passou-se um mês e também,
A passear com a mãe,
Deu-se a mesma situação,
Lá estva o burro á maneira, -(
Com aquela parvoeira,---------)Bis
Que até batia no chão.---------(
Mãe olha aquele burrinho
Que está muito doentinho
E a senhora até corou.
Concerteza vai morrer,-----(
Ele já está a sofrer,-----------)Bis
Foi o pai que me ensinou.-(
Ora, ora diz a mãe,
Teu pai não regula bem
Nem é lição que se desse.
Ai pobre do meu Jaquim,--(
Uma doença assim,----------)Bis
Queria eu que ele tivesse.-(
Fado do Zé maria Nicolau
Zé Maria Nicolau, foi arrear o calhau,
Lá pra trás dum barracão.
Mas uma abelha de mel,-(
Veio ferrar o pincel,--------)Bis
E lá deixou o cordão.------(
Com a picha logo em brasa, foi a correr para casa,
E banhou com água fria.
Mas era grande o inchaço,--(
E que grande calhamaço-----)Bis
Que nem nas calças cabia.--(
E Tozé todo a tremer, ó mulher eu vou morrer
E lá foram pró hospital.
E diz o cirurgião,--------(
Pode ganhar infecção-)Bis
Até pode ser fatal.------(
Acuda-me aqui ó doutor, não aguento esta dor,
Já me estou a sentir mal.
Lá diz o cirurgião,-----------(
Vai levar uma injecção------)Bis
E vai vai voltar ao normal.-(
Grita a mulher, senhor doutor,
Dê-lhe a injecção no braço.
Pode tirar o ferrão,------------(
Pode tirar a infecção,---------)Bis
Mas não lhe tire o inchaço.-(
Fado do meu Irmão Agricultor
Meu irmão agricultor,
A estudar para doutor,
Quis fazer a munginção.
Primeiro foi às vaquinhas-----(
Logo a seguir as cabrinhas---)Bis
Pra tirar o leite á mão-----------(
E logo naquele dia
Já a hora ia tardia
Todo o céu escureceu
Ouviu-se ao longe um trovão-(
E naquele barracão---------------)Bis
Ficou escuro como bréu.-------(
E ele às apalpadelas
Foi mexer nas tetas delas
Já estava a suar.
Mas a grande cabra preta---(
Não deixou mexer na teta---)Bis
E pôs-se logo a berrar.-------(
Fazendo força a espremer
Não vendo o leite a correr
Ficou fulo o meu irmão.
Escusas de estar a berrar-------(
Dois litros tu tens de dar---------)Bis
É o mesmo que as outras dão--(.
Entra a mulher no palheiro
E acende o candeeiro
Oh homem mas que pagode
Isso até parece mal
Deixa lá o animal---------)Bis
Tu estás a mugir o bode .)
A Chuva
As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
Da história da gente
E outras de quem nem o nome
Lembramos ouvir
São emoções que dão vida
À saudade que trago
Aquelas que tive contigo
E acabei por perder
Há dias que marcam a alma
E a vida da gente
E aquele em que tu me deixaste
Não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai... meu choro de moço perdido
Gritava à cidade
Que o fogo do amor sob chuva
Há instantes morrera
A chuva ouviu e calou
Meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade...
Não venhas tarde
Não venhas tarde
Dizes-me sem azedume
Quando o teu coração arde
Na fogueira do ciúme.
Não venhas tarde
Dizes-me tu da janela
Eu venho sempre mais tarde
Porque não sei fugir dela.
Tu sabes bem
Que eu vou para outra mulher
Que ela me prende também
Que eu só faço o que ela quer.
Sem alegria
Eu confesso tenho medo
Que tu me digas um dia,
meu amor não venhas cedo.
Por hironia
Pois nunca sei onde vais
Que eu chegue cedo um dia
E seja tarde demais.
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