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O Cacilheiro
Quando eu era rapazote.
Levei comigo no bote.
Uma varina atrevida.
Manobrei e gostei dela.
E lá me atraquei a ela.
Pró resto da minha vida.
Às vezes numa pessoa.
A saudade não perdoa.
Faz bater o coração.
Mas sinto grande vaidade.
Em viver a mocidade.
Dentro desta geração.
Refrão
Sou marinheiro.
Deste nobre cacilheiro.
Dedicado companheiro.
Pequeno berço do povo.
E navegando.
A idade foi chegando.
O cabelo branqueando.
Mas o Tejo é sempre novo.
Todos moram numa rua.
A que chamam sempre sua.
Mas eu cá não os invejo.
O meu bairro é sobre as águas.
Que cantam as suas máguas.
E a minha rua é o Tejo.
Certa noite de luar.
Vinha eu a navegar.
E de pé junto à proa.
Eu vi ou então sonhei.
Que os braços do Cristo-Rei.
Estavam a abraçar lisboa.
Refrão
Bairro Alto
Bairro Alto aos seu amores tão delicados.
Quis um dia dar nas vistas.
E saiu com os trovadores mais o fado.
Pra fazer suas conquistas.
Tangeram liras sigelas,
Lisboa abriu as janelas,
Acordou em sobressalto.
Gritaram bairros à toa,
Silêncio velha Lisboa,
Vai cantar o Bairro Alto.
Refrão
Trovas antigas, saudade louca,
Andam cantigas a bailar de boca em boca.
Tristes bizarras, em comunhão,
Andam guitarras a gemer de mão em mão.
Por isso é que mereceu fama de boémio
Por condão ou fatalista
Atiraram-lhe com a lama como prémio.
Por ser nobre e ser fadista.
Hoje saudoso e velhinho,
Recordando com carinho
Seus amores, suas paixões.
Pra cumprir a sina sua
Ainda vem pró meio da rua
Cantar as suas canções.
Refrão
Trovas antigas
Fado A Júlia florista
A Júlia Florista
Boémia Fadista
Diz a tradição.
Foi nessa Lisboa
Figura de prôa
Da nossa canção.
Figura bizarra
Que ao som da guitarra
Seus fados viveu.
Vendia flores
Mas os seus amores
Jamais os vendeu.
Refrão
Ó Júlia Florista
Tua linda história
Que o tempo marcou
Na nossa memória
Ó Júlia florista,
Tua voz ecoa
Nas noites bairristas,
Boémias fadistas
da nossa Lisboa
Chinela no pé
Um ar de ralé
No jeito de andar
Se a Júlia passava
Lisboa parava
prà ouvir cantar.
No ar o pregão
na boca a canção
Falando de amor
Encostado ao peito
a graça e o jeito
do cesto das flores.
Refrão
Ò Júlia Florista
Tua linda história
Etc, etc.
Fado do Burro Malhado
Certo dia que lá vai,
Passeava o filho e o pai,
Num prado cheio de fllores.
Viram um burro malhado,----(
Com o coiso pendurado,------)Bis
A pensar nos seus amores.--(
Pergunta o miúdo e bem,
Olhe o que o burro ali tem,
O que é aquilo paizinho?
E o pai atrapalhado,-----------(
A gaguejar e corado,----------)Bis
É o burro que é doentinho.-(
Passou-se um mês e também,
A passear com a mãe,
Deu-se a mesma situação,
Lá estva o burro á maneira, -(
Com aquela parvoeira,---------)Bis
Que até batia no chão.---------(
Mãe olha aquele burrinho
Que está muito doentinho
E a senhora até corou.
Concerteza vai morrer,-----(
Ele já está a sofrer,-----------)Bis
Foi o pai que me ensinou.-(
Ora, ora diz a mãe,
Teu pai não regula bem
Nem é lição que se desse.
Ai pobre do meu Jaquim,--(
Uma doença assim,----------)Bis
Queria eu que ele tivesse.-(
Fado do Zé maria Nicolau
Zé Maria Nicolau, foi arrear o calhau,
Lá pra trás dum barracão.
Mas uma abelha de mel,-(
Veio ferrar o pincel,--------)Bis
E lá deixou o cordão.------(
Com a picha logo em brasa, foi a correr para casa,
E banhou com água fria.
Mas era grande o inchaço,--(
E que grande calhamaço-----)Bis
Que nem nas calças cabia.--(
E Tozé todo a tremer, ó mulher eu vou morrer
E lá foram pró hospital.
E diz o cirurgião,--------(
Pode ganhar infecção-)Bis
Até pode ser fatal.------(
Acuda-me aqui ó doutor, não aguento esta dor,
Já me estou a sentir mal.
Lá diz o cirurgião,-----------(
Vai levar uma injecção------)Bis
E vai vai voltar ao normal.-(
Grita a mulher, senhor doutor,
Dê-lhe a injecção no braço.
Pode tirar o ferrão,------------(
Pode tirar a infecção,---------)Bis
Mas não lhe tire o inchaço.-(
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